diabetes mellitus: terapeutica nutricional

A Diabetes Mellitus (DM) é, atualmente, a doença não transmissível mais comum, com uma elevada prevalência e uma incidência crescente. Estima-se que, em 2040, esta doença afete cerca de 642 milhões de indivíduos em todo o mundo.

Considerando que a DM é uma doença metabólica crónica caracterizada pela alteração da regulação da glicémia e, sendo os hidratos de carbono (HC) um dos nutrientes que mais influenciam a glicémia, a terapia nutricional adota particular importância na gestão desta doença.

Assim, um dos principais objetivos da intervenção nutricional passa por atingir e manter um bom controlo glicémico, com vista à diminuição da morbilidade e mortalidade associada à doença. 

HIDRATOS DE CARBONO

A glicémia pós-prandial (ou seja, após a refeição) é a que está mais fortemente associada ao risco cardiovascular, pelo que é da maior importância considerar estratégias que contribuam para o seu controlo. A quantidade e o tipo de HC ingeridos são os maiores determinantes dos níveis de glicémia pós-prandial. Diferentes fontes de HC podem originar diferentes respostas glicémicas. 

O Índice Glicémico (IG) permite diferenciar os alimentos fornecedores de HC de acordo com o seu efeito na glicémia pós-prandial, e é influenciado por diversos fatores, nomeadamente:

  • O estado de maturação do alimento;

  • Relação amilose/amilopectina;

  • Quantidade de fibra e gordura contidos no alimento;

  • Confeção alimentar;

  • Combinação com outros alimentos na mesma refeição;

  • Características individuais da digestão de cada pessoa;

  • Glicémia no momento da refeição;

  • Nível de insulinorresistência do indivíduo

Os HC presentes nos alimentos de IG baixo (IG<55) atingem a corrente sanguínea de forma lenta e contínua, promovendo maior estabilidade da glicémia. De um modo geral, os alimentos de menor IG e de maior qualidade nutricional deverão ser recomendados como escolhas mais adequadas.

 

FIBRAS

As fibras pertencem ao grupo dos HC, mas não são digeridas nem absorvidas. Estas influenciam na diminuição da resposta glicémica, além dos seus benefícios na melhoria do risco cardiovascular. Assim, a ingestão de fibras deverá ir, no mínimo, ao encontro das recomendações para a população em geral.

 

PROTEÍNAS E GORDURAS

Também as proteínas e as gorduras podem ter impacto no controlo glicémico. Para além do efeito metabólico destes nutrientes, a sua presença na refeição influencia a digestão e absorção, podendo retardar a resposta glicémica.  

 

Em conclusão,

a terapia nutricional deve fazer parte do tratamento da diabetes e não existe uma dieta padrão, devendo a abordagem ser individualizada e conduzida por um nutricionista. Deverá então ser prescrito um plano alimentar que garanta a otimização do controlo glicémico, da pressão arterial e do perfil lipídico, bem como o fornecimento dos nutrientes necessários a um adequado estado nutricional. 

As mensagens acerca dos cuidados alimentares devem focar em “o que comer” e não “o que não comer” completando com o “ quanto”, “quando” e “como comer”.